Esquecer Godot

Bem-vindo aqui! Este blog é meu. Quero-o. Para que as palavras não se esqueçam de mim. Para que o meu ser jamais se dilate, como que envergonhado. Se não esquecermos Godot, ele esquece-se de nós. Se me esquecer de mim, tudo me olvidará. Sê bem-vindo a mim.

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Location: Lisboa, Lisboa, Portugal

Saturday, March 25, 2006

"Eternamente"

Sonhar
um pequeno pecado
para quem não sonha.
um bocado
lírico
duma prosa.
um
suster de respirar
para depois começar
a respiração eterna.

Lucas Madrugada

Sunday, March 19, 2006

"Motim"

Os corsários da minha Nau
revoltam-se
em motins sem líder
à deriva no mar perdido do meu sopro
Ofegantes os ventos esbaforidos os corsários
sem dentes e otários!
"Queremos os teus sonhos!", gritavam eles
E eu fugi, acovardado
por correntes
cheias de pressa irritante!

Lucas Madrugada

Friday, March 17, 2006

"O grande mal do Orpheu"

O grande mal do Orpheu
foi ter nascido primeiro
que eu.
Quero lá saber!
filósofos alemães realistas russos
nadam de bruços
no pântano do meu ser.

A cova da aurora do Cesariny
é o Gibraltar da minha noite
e ele uma ilha perdida no Atlântico.
Deste lado o Mediterrâneo,
poeta parisiense
meu conterrâneo
em espírito extenso.
O Arthur para mim
não é o mesmo Rimbaud
que o dos heterónimos da minha vida.
O piano, toca em paz
O Exílio dum Verlaine
fugaz.

A chuva encolhe-se
debaixo da asa
magoada
do Chiado saloio.

O "Arte é comunicação"
não é mais que uma desculpa
para existir.
As tatuagens nas paredes
lançam calhaus ao Belo.
Eu, se fosse tatuagem
não queria sê-lo.

Lucas Madrugada

Sunday, March 05, 2006

"Amor III"

Deixei palavras
em redor do cantinho
ao pé do teu.

Ouviu-se um "olha" e um "psst"
dirigidos a adormecidas
palavras tuas.

As palavras, pintadas
no cantinho ao pé de ti
mexem-se, aladas
porque eu as li.

Agora, troquemos versos
escritos a sangue!
Com toda a raiva gritemos:
AMOR!
sem vergonha, sem confusão
palavras dessas ousamos todos
morrer com umas na mão.

Lucas Madrugada

Saturday, March 04, 2006

"O toldo da Luísa"

O toldo da Luísa é raro
Lá o sol bate ainda mais forte,
como se estivéssemos nus no deserto.

A sorte é que é um toldo e não uma tenda.
Uma tenda de pedra.
Um toldo de pano que respira, respira
por poros e janelas.

Há tempos a Luísa vivia numa tenda de pedra,
mas destruíu-a
com lágrimas lacrimejantes.

Essa dor destrói pedras destrói
grutas com lobos famintos
destrói pétalas e pomares e...
e... tendas de pedra.

O choro afugentou-lhe a dor
por momentos
Pena é que um toldo destes
semeia ventos.

Lucas Madrugada

Friday, March 03, 2006

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Ontem escrevi um poema, mas não o publicarei em vão. Enquanto o poema ganha vida, aproveita o tempo que lhe dão.

Thursday, March 02, 2006

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Hoje. Hoje escreverei um poema, para que o dia não seja em vão. Hoje farei muito. Escreverei um poema, do coração.