Esquecer Godot

Bem-vindo aqui! Este blog é meu. Quero-o. Para que as palavras não se esqueçam de mim. Para que o meu ser jamais se dilate, como que envergonhado. Se não esquecermos Godot, ele esquece-se de nós. Se me esquecer de mim, tudo me olvidará. Sê bem-vindo a mim.

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Location: Lisboa, Lisboa, Portugal

Tuesday, January 30, 2007

"Gaguejou a terra"

Gaguejou a terra no dia cinza do teu corpo
Se eu pudesse sentir-te já, quebraria
o momento dor. A dor
morre.

Sou um cão que te atravessa a estrada vã
Se me sentisses já, porventura
seria eu caminho?

De zelo foi feita a nossa carne íngreme
A lágrima, se nos sentisse agora
seria um pedaço de calor.


Lucas Madrugada

Monday, January 15, 2007

POEMA

Este poema é a total alteração do que se poderá chamar de inspiração. Quase se acredita que é divina. Todavia, a obrigatoriedade dogmática dos eruditos em relação à revisão e à reescrita, impelem-me a partilhar convosco o resultado final do processo. Um poema vomitado de lirismo, de música, de mensagem social e de originalidade, deu naquilo que se pode chamar de prosa. Se isto é um tentativa desculpabilizada de fazer arte, é mau. Nem da prosa poética se aproxima. O meu poema é este. Espero que seja declamado em todos os saraus de poesia do mundo. Tenho é medo que não o considerem poema, que gozem com ele. Se tivesse fé, acreditaria até que a sua tradução chegaria a línguas como o Tibetano, que seria lido prazenteiramente pelo Dalai Lama e que o declamaria antes de atingir o Nirvana. Termino desta forma porque é o número exacto de caracteres do poema na sua origem.

Thursday, January 11, 2007

"O Livro do meu Desassossego"

Guardo asas para dar ao faminto
que as árvores erguem o fruto
grito em bruto
dum vácuo que sinto

O Vicente Guedes não teve sossego
enquanto não foi Soares
guarda-livros com medo
mas único sonhador
entre milhares

A fome apodrece a asa
segundo aviso etéreo
e o nada é a casa
do seguinte adultério

O faminto Search saciou-se do francês
farto da língua se entrepor.
Cordially, como um bom inglês
despediu-se por amor
ao Pessoa que o fez.

O vácuo é o livro
dormindo à minha beira
sonho agora vivo
e fora da algibeira

Eu, e um boneco do Pessoa
de sobrancelhas erguidas
Voamos até uma lagoa
com milhares de reflexos nossos
para a maior orgia das nossas vidas.

Lucas Madrugada